27 de fevereiro de 2015

Sonhos Coloridos

Como já dizia meu professor Carlos Wolney Soares: Cor não se aprende. Cor se nasce sabendo!
Cor é macerar o pigmento e sentir a concentração, a luminosidade entre os dedos.
Magia pura que se esvai enquanto é dissolvida no contato. A intensidade da luz se traduz em calor e provoca vibração. Você pensa que toca uma cor, mas ela toca você primeiro e se transforma em som.
Só aí você tem a certeza da cor.
É instantânea a mensagem que revela ao cérebro. Comunicação imediata.
E eu me pergunto: Como uma máquina pode fornecer com exatidão a cor que se obtém através de pigmentos? Como? 
Pigmentos são como DNA. No máximo cada lote tem semelhantes, mas nunca exatamente iguais. Até a maneira que são embalados influencia na concentração.
Então como uma máquina pode oferecer produtos em tempo hábil? Precisaria de tempo para responder aos comandos. Seriam diversos comandos para se chegar a um resultado satisfatório. Já o cérebro o faz instantaneamente. Não precisa de comandos externos, nem de tempo para fazê-lo.
Lembro-me de estar vestida ainda de camisola, antes que todos amanhecessem, apontando meus lápis de cor. Minha mania de reciclar já era premissa desde então.
Separava as lasquinhas de pontas que sobravam em cima da mesa depois que meus lápis já estavam no ponto que eu desejava. Eram raspas coloridas, fininhas que se espalhavam sobre a mesa da sala de visitas.
Identificava os amarelos, os azuis, os vermelhos e os colocava em vidrinhos vazios de remédios. Colocava água, álcool para que se diluíssem e se transformassem em tintas.
Claro que não acontecia, pois era o calor ou alguns químicos ou lipídeos, os responsáveis por tal tarefa. Era a cera o ingrediente que conservava o pigmento. Mas eu desconhecia o fato. No máximo que conseguia era sujar a água.
Inconscientemente eu tinha reconhecia que amarelos misturados aos azuis se transformavam em verdes, aos vermelhos se transformavam em laranjas.
Que a cor púrpura no meio de azuis convertiam em roxos e lilases.
Minha curiosidade aliada à minha vontade de criar , de entender como se formavam as coisas que me interessavam e produziam em mim um comichão que me elevava a condição de aprendiz, o que já era muito significativo. Uma pesquisadora!
Era eu aos 6 anos, em meu pequeno laboratório improvisado na alquimia da minha mente, absorta em sonhos coloridos.

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