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27 de abril de 2010

ENSAIO SOBRE A BELEZA E O GOSTO


Por Achel Tinoco

A beleza é mesmo fundamental, diriam quase todos os poetas. Algum deles, diriam ainda que a beleza está em todo canto, mesmo que nem todos consigam observá-la uniformemente. E não poderá ser confundida apenas como uma questão de gosto, porque o gosto muda de acordo ao paladar, ao olhar, ao encanto de cada um. A beleza existe independente de quem a ver, ou ainda de quem não se acostumou a vê-la passar, e apenas imagina que exista na natureza do mar, na linha inverossímil do horizonte, no gesto mais desengonçado do filho. Há gosto para tudo, alguém dirá, por isso mesmo não se deve padronizá-la, nem segui-la cegamente, qual houvesse um único modo e sempre a mesma direção para avistá-la. O equilíbrio da imagem e das cores, decerto aproximará cada um ao mesmo tema, independente ou não da forma e do jeito como a sentimos e a ordenamos de acordo com o tempo e o espaço.
É pouco provável que o gosto não se possa discutir, porém tenhamos o cuidado de respeitar o gosto alheio pelo absurdo até, por tudo aquilo que acima nos seria desconfortável aos olhos e ao paladar, ou por coisas que não possam ser aceitas como naturais. Não apenas se vai falar da sensação percebida pelas papilas gustativas ou pelas células especializadas da língua para tal demonstração, mas também o gosto pelas coisas da vida, o gosto por tudo aquilo que se diz que é bom e caro aos olhos e ao bolso, o gosto amargo do chocolate amargo ou ainda o gosto doce de existir... Por tudo, não seria justificável afirmar, simplesmente, que gosto não se discute, afinal, como a beleza, o gosto é um sentimento particular, uma espécie de sensor que alivia as tensões e põe um freio de arrumação nos maus costumes, podendo ser dividido ou compartilhado entre os seres, para que convivam pacificamente e imponham um ao outro cercas delimitadoras para todos os sentidos.
Mas, nem por isso, a existência de um retrato emoldurado do gosto pode no obrigar a ser conservadores extremosos, muito menos conformistas com toda situação que se impuser pela força de padrões preestabelecidos na sociedade. Havemos de nos indignar com a beleza que não nos for coerente e com o gosto que não nos for agradável, mesmo que o outro ali adiante esteja conformado. A vida exige que estejamos sempre em evolução, em busca da forma, a procura da perfeição do gesto, e o traço nítido da cor. Então, o horizonte que ainda pouco exibia rente à sua linha imaginária todas as cores de um arco-íris brilhante, aos olhos daquele homem passando era a obra-prima da natureza, porque o estava admirando no momento; aos olhos de um menino, ao seu lado, no entanto, não passava de uma novidade sem gosto; e aos olhos do velho moribundo atrás de si, não era nada, não tinha beleza nem forma, porque ele não o enxergava mais, porque fora cegado pelo facho de luz...
Escritor
Salvador-Ba

ENSAIO SOBRE A BELEZA E O GOSTO


Por Achel Tinoco

A beleza é mesmo fundamental, diriam quase todos os poetas. Algum deles, diriam ainda que a beleza está em todo canto, mesmo que nem todos consigam observá-la uniformemente. E não poderá ser confundida apenas como uma questão de gosto, porque o gosto muda de acordo ao paladar, ao olhar, ao encanto de cada um. A beleza existe independente de quem a ver, ou ainda de quem não se acostumou a vê-la passar, e apenas imagina que exista na natureza do mar, na linha inverossímil do horizonte, no gesto mais desengonçado do filho. Há gosto para tudo, alguém dirá, por isso mesmo não se deve padronizá-la, nem segui-la cegamente, qual houvesse um único modo e sempre a mesma direção para avistá-la. O equilíbrio da imagem e das cores, decerto aproximará cada um ao mesmo tema, independente ou não da forma e do jeito como a sentimos e a ordenamos de acordo com o tempo e o espaço.
É pouco provável que o gosto não se possa discutir, porém tenhamos o cuidado de respeitar o gosto alheio pelo absurdo até, por tudo aquilo que acima nos seria desconfortável aos olhos e ao paladar, ou por coisas que não possam ser aceitas como naturais. Não apenas se vai falar da sensação percebida pelas papilas gustativas ou pelas células especializadas da língua para tal demonstração, mas também o gosto pelas coisas da vida, o gosto por tudo aquilo que se diz que é bom e caro aos olhos e ao bolso, o gosto amargo do chocolate amargo ou ainda o gosto doce de existir... Por tudo, não seria justificável afirmar, simplesmente, que gosto não se discute, afinal, como a beleza, o gosto é um sentimento particular, uma espécie de sensor que alivia as tensões e põe um freio de arrumação nos maus costumes, podendo ser dividido ou compartilhado entre os seres, para que convivam pacificamente e imponham um ao outro cercas delimitadoras para todos os sentidos.
Mas, nem por isso, a existência de um retrato emoldurado do gosto pode no obrigar a ser conservadores extremosos, muito menos conformistas com toda situação que se impuser pela força de padrões preestabelecidos na sociedade. Havemos de nos indignar com a beleza que não nos for coerente e com o gosto que não nos for agradável, mesmo que o outro ali adiante esteja conformado. A vida exige que estejamos sempre em evolução, em busca da forma, a procura da perfeição do gesto, e o traço nítido da cor. Então, o horizonte que ainda pouco exibia rente à sua linha imaginária todas as cores de um arco-íris brilhante, aos olhos daquele homem passando era a obra-prima da natureza, porque o estava admirando no momento; aos olhos de um menino, ao seu lado, no entanto, não passava de uma novidade sem gosto; e aos olhos do velho moribundo atrás de si, não era nada, não tinha beleza nem forma, porque ele não o enxergava mais, porque fora cegado pelo facho de luz...
Escritor
Salvador-Ba