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20 de novembro de 2009

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

MARUJADA, CONGADO E CAPOEIRA

Vídeo feito por Maria Tereza Penna


" Sem identidade, nós, os africanos, somos um objeto da História, um instrumento utilizado pelos outros, um utensílio".
Joseph Ki-Zerbo foi um grande estudioso, historiador e escritor. Publicou L'Histoire de l'Afrique Noire, o melhor, sem sombra de dúvida, trabalho sobre a história da África Negra. Foi membro do Conselho Executivo da UNESCO, e professor na Université d´Ouagadougou. Fez parte do Comitê Científico para a elaboração da História Geral da África pela Unesco.
Morreu em 2006, inquestionavelmente, uma grande perda para o continente africano e para todos os negros do mundo.
A primeira vez que ouvi falar em Joseph Ki-Zerbo foi em 1983, no encontro “Brasil África” organizado pela extinta Caixa Econômica Estadual.
Atraída pela curiosidade sobre o tema e a possibilidade de um intercâmbio “Cone Sul”, pois no Brasil, o silêncio sobre a África era quase absoluto, estava eu, lá, à espera de me alimentar de detalhes sobre o povo que colonizou o nosso país, deixando um legado cultural de proporções inimagináveis.
Na época, em Minas, o “fogo estava pegando”. Permeado por profusões de idéias e emoções, “Diretas já”, gente nas ruas...

O Evento “Brasil África” culminou em sucesso absoluto!
Todos queriam se informar sobre o Apartheid, a situação da mulher na África, sobre Samora Machel e outros assuntos relevantes.
Queríamos saber se o Brasil vendia material bélico para a África do Sul e a resposta sempre era: NÃO!!.. Mas também nos foi mencionado que o Brasil vendia armas para o Líbano e as mesmas eram encontradas no Chad. Dedução Lógica!

Conheci, Severo Gomes, Charles Gomis (Embaixador da Costa do Marfim), grande orador, que me encantou com seu estilo inteligente, irreverente e articulado de falar, o Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, Abdias do Nascimento, pessoas vindas de todas as partes do Brasil, e estudantes de Guiné-Bissal, Cabo Verde, Moçambique, Angola, Nigéria que faziam o Ensino Superior em Belo Horizonte.
Os estudantes africanos moravam no JK, uma espécie de COPAM “estilizada”.

Fiz amizade com a maioria deles e os levei à “Elite” uma gafieira frequentada por amantes da dança de salão, com a finalidade de mostrar nossa cultura e evidentemente, “soltar a franga” e nos divertirmos.
Na entrada, começou uma espécie de provocação: Um estudante Angolano foi comprar pipocas e o vendedor chamou-o de “Muchacho”. O rapaz saiu transtornado, sem poder se manifestar, pois estava em país estrangeiro. Vim a saber posteriormente, que ele era partidário da UNITA e disse que toda a sua família, também era. Um paradigma, “ignorância”, ou convicção, sei lá, não ficou bem claro e também não nos interessava saber; naquela hora, só pensávamos em nos curtir e nos conhecermos melhor.
Em nossa mesa havia representantes da UNITA, MPLA, PDP, e outros. Todos sentados, conversando e se comunicando. Isso é prova de que as divergências são questionáveis e contornáveis.
Ali não existia partidos, partidários, nem opressores e oprimidos.

Estávamos "LIVRES, LEVES E SOLTOS".

Juntou-se à nossa mesa um capitão do Exército, fardado e entrou na conversa. Ficamos ali “papeando” sobre música, arte e outros assuntos importantes para nós.
Na saída o capitão me ofereceu uma carona e eu na minha “Santa Inocência”, aceitei . E por incrível que pareça, cheguei inteira em casa após ter respondido algumas perguntas. Estava tão feliz que nem questionei o fato.

Um momento especial que guardarei na memória para sempre.

Joseph Ki-Zerbo, sacie nossos corações clementes por justiça e nossa sede de saber e conhecer, para que construamos um mundo sem preconceitos e respeito às histórias e às culturas dos africanos e seus descendentes.

Maria Tereza Penna

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

MARUJADA, CONGADO E CAPOEIRA

Vídeo feito por Maria Tereza Penna


" Sem identidade, nós, os africanos, somos um objeto da História, um instrumento utilizado pelos outros, um utensílio".
Joseph Ki-Zerbo foi um grande estudioso, historiador e escritor. Publicou L'Histoire de l'Afrique Noire, o melhor, sem sombra de dúvida, trabalho sobre a história da África Negra. Foi membro do Conselho Executivo da UNESCO, e professor na Université d´Ouagadougou. Fez parte do Comitê Científico para a elaboração da História Geral da África pela Unesco.
Morreu em 2006, inquestionavelmente, uma grande perda para o continente africano e para todos os negros do mundo.
A primeira vez que ouvi falar em Joseph Ki-Zerbo foi em 1983, no encontro “Brasil África” organizado pela extinta Caixa Econômica Estadual.
Atraída pela curiosidade sobre o tema e a possibilidade de um intercâmbio “Cone Sul”, pois no Brasil, o silêncio sobre a África era quase absoluto, estava eu, lá, à espera de me alimentar de detalhes sobre o povo que colonizou o nosso país, deixando um legado cultural de proporções inimagináveis.
Na época, em Minas, o “fogo estava pegando”. Permeado por profusões de idéias e emoções, “Diretas já”, gente nas ruas...

O Evento “Brasil África” culminou em sucesso absoluto!
Todos queriam se informar sobre o Apartheid, a situação da mulher na África, sobre Samora Machel e outros assuntos relevantes.
Queríamos saber se o Brasil vendia material bélico para a África do Sul e a resposta sempre era: NÃO!!.. Mas também nos foi mencionado que o Brasil vendia armas para o Líbano e as mesmas eram encontradas no Chad. Dedução Lógica!

Conheci, Severo Gomes, Charles Gomis (Embaixador da Costa do Marfim), grande orador, que me encantou com seu estilo inteligente, irreverente e articulado de falar, o Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima, Abdias do Nascimento, pessoas vindas de todas as partes do Brasil, e estudantes de Guiné-Bissal, Cabo Verde, Moçambique, Angola, Nigéria que faziam o Ensino Superior em Belo Horizonte.
Os estudantes africanos moravam no JK, uma espécie de COPAM “estilizada”.

Fiz amizade com a maioria deles e os levei à “Elite” uma gafieira frequentada por amantes da dança de salão, com a finalidade de mostrar nossa cultura e evidentemente, “soltar a franga” e nos divertirmos.
Na entrada, começou uma espécie de provocação: Um estudante Angolano foi comprar pipocas e o vendedor chamou-o de “Muchacho”. O rapaz saiu transtornado, sem poder se manifestar, pois estava em país estrangeiro. Vim a saber posteriormente, que ele era partidário da UNITA e disse que toda a sua família, também era. Um paradigma, “ignorância”, ou convicção, sei lá, não ficou bem claro e também não nos interessava saber; naquela hora, só pensávamos em nos curtir e nos conhecermos melhor.
Em nossa mesa havia representantes da UNITA, MPLA, PDP, e outros. Todos sentados, conversando e se comunicando. Isso é prova de que as divergências são questionáveis e contornáveis.
Ali não existia partidos, partidários, nem opressores e oprimidos.

Estávamos "LIVRES, LEVES E SOLTOS".

Juntou-se à nossa mesa um capitão do Exército, fardado e entrou na conversa. Ficamos ali “papeando” sobre música, arte e outros assuntos importantes para nós.
Na saída o capitão me ofereceu uma carona e eu na minha “Santa Inocência”, aceitei . E por incrível que pareça, cheguei inteira em casa após ter respondido algumas perguntas. Estava tão feliz que nem questionei o fato.

Um momento especial que guardarei na memória para sempre.

Joseph Ki-Zerbo, sacie nossos corações clementes por justiça e nossa sede de saber e conhecer, para que construamos um mundo sem preconceitos e respeito às histórias e às culturas dos africanos e seus descendentes.

Maria Tereza Penna