29 de agosto de 2010

NOSTRADAMUS



Ilustração Maria Tereza Penna

Naquela manhã
Eu acordei tarde, de bode
Com tudo que sei
Acendi uma vela
Abri a janela
E pasmei
Alguns edifícios explodiam
Pessoas corriam
Eu disse bom dia
E ignorei
Telefonei
Pr'um toque tenha qualquer
E não tinha
Ninguém respondeu
Eu disse: "Deus, Nostradamus
Forças do bem e da maldade
Vudoo, calamidade, juízo final
Então és tu?"
De repente na minha frente
A esquadria de alumínio caiu
Junto com vidro fumê
O que fazer? Tudo ruiu
Começou tudo a carcomer
Gritei, ninguém ouviu
E olha que eu ainda fiz psiu!
O dia ficou noite
O sol foi pro além
Eu preciso de alguém
Vou até a cozinha
Encontro Carlota, a cozinheira, morta
Diante do meu pé, Zé
Eu falei, eu gritei, eu implorei:
"Levanta e serve um café
Que o mundo acabou!"

Eduardo Dusek

3 comentários:

Giulia disse...

Genial! Como fazem falta essas posturas irônicas sobre a sociedade.

Lisia disse...

Gostei da postura!!! Pessoas que fazem a cabeça da gente precisam ter este olhar crítico sobre os fatos. Saber como expressar isto é a glória. Parabéns...Olhei e entendi o recado.

Márcia Palves disse...

Fantastico sua obra.

Postar um comentário

Deixe aqui seus sentimentos