12 de agosto de 2014

Onde Tudo Começou.

À 48 anos atrás eu ganhei um caderninho com capa de madeira que me acompanha.
Estava com exatamente 30 anos. 
Ganhei no Dia das Mães.
Está gravado em sulco de fogo pirografado: Minhas Receitas.
Eu cozinho muito bem. Conheço os temperos que me foram apresentados e os que eu imagino aroma e perfume.
Mas lá, no meu caderninho, estão germinadas todas as poesias do Livro: CEM CULPAS.
Estão lá e em outros que foram rabiscados.
Fazendo faxina na alma, mas que começou nas minhas paredes reais, descobri inúmeros rabiscos e esboços de ideias. Minhas e da minha filha.
Em um caderno amarelo minha filha que estava com 13 anos na época, também colocava sentimentos.
Lá está narrado em forma de lamento e gesta, todos os conflitos da alma e do mundo.
E pensei: Se cada palavra que pronunciamos é uma pedra ou afago, lançados a outrem?
Se cada imagem que criamos atinge alguém de alguma forma? Mesmo que não seja para ninguém, modifica o cenário e o momento das nossas vidas?
Eu comecei a idealizar uma ficção.
Não sei lidar com ficções. Só sei exprimi-las através do lirismo.
Mas comecei...
Comecei imaginando que o homem estava construindo uma arma.
Uma arma que não tirasse vidas, nem que fosse para preservar vidas.
Uma arma que destruísse todas as armas que encontrasse pelo caminho.
Uma arma que desprogramasse qualquer algoritmo, qualquer dúvida que colocasse em cheque ou desprogramasse seu sistema.
Uma arma capaz de tudo para manter a vida.
Que não tivesse consciência para o bem e o mal, apenas estivesse ali para fazer a sua parte.
Que não saísse em defesa de ideais, crenças, valores ou virtudes.
Onde só a sobrevivência fosse a premissa.
Um mundo sem deuses que castigassem ou testassem.
Onde seres coexistissem.
Onde não tivesse ordens que não fossem as naturais.
Onde não houvesse Culpas para serem reparadas com dores ou penitências.
Um mundo sem méritos. Apenas dádivas...
Onde só a arte sem conceitos, apenas a arte estivesse presente para os sentidos.
Onde a beleza não é um chavão: "A beleza está nos olhos de quem vê". E sim: A Beleza é vibração. A Beleza está nas sensações que provoca.
Aí eu imagino um lugar onde não seria preciso ter uma arma para destruir outra arma.
E a arma se dissipa como se não houvera sido.
Eu me sinto no céu presa em chão firme.
Não preciso mais de Culpas para começar a existir, para sentir ou viver.
Não é preciso mais renascer.
Estou saindo de um livrinho cuja capa foi impressa a Fogo e Água.
Eu sou a autora da saga.
Onde a magia cria vida.
Reconheço o começo, sinto o início...
Estou no Paraíso!

Entre pães, biscoito e pudins, foram achados os perdidos.
Os rascunhos que se transformaram em Culpas ao longo do Caminho...


 
 
 
PS: Bom sou de 1956.  48 e 30 estou com 57 anos atualmente Ficção. não sei o porque de 21 anos a frente. Uma maioridade talvez

2 comentários:

Sylvio Bazote disse...

Muito legal conhecer as raízes e os bastidores da criação do seu livro/sonho/realidade.

Que este livro lance novas sementes nas mentes alheias, que se desenvolvam e transformem em saborosos frutos.

Maria Tereza Penna disse...

Sylvio, eu me lembro que nos anos 80 havia um concurso na revista Claudia ou Manequim .. Sei lá... Eu enviei alguns poemas.. Não ganhei nada... mas me diverti. he he

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